Parkinson: sintomas motores e não motores
O Parkinson é uma doença muito conhecida pelos sintomas motores que causa, ou seja, aqueles que comprometem atos simples como andar e manusear objetos. Entretanto, outros sintomas não motores também estão ligados à patologia. Por isso, esse é o assunto foco do nosso artigo de hoje.
Apesar de o Parkinson ainda não ter cura, a medicina tem evoluído ao ponto de proporcionar um envelhecimento mais confortável aos portadores da doença, minimizando tanto os sintomas motores, quanto os não motores.
Como em todas as doenças, não existe nada que possa garantir o não desenvolvimento do Parkinson, mas, alguns cuidados a longo prazo como a prática regular de atividade física, por exemplo, costumam ser uma boa estratégia para a prevenção.
Num cenário ideal, esses hábitos devem ser cultivados desde a juventude, mas, como veremos mais adiante, eles também serão importantes para o tratamento da doença. Antes de falar deles, vamos relembrar o que é Parkinson:
O que é a doença de Parkinson?
Parkinson é uma doença neurodegenerativa que atinge o sistema nervoso, ou seja, a capacidade do indivíduo de comandar os próprios movimentos é totalmente afetada. Isso acontece por conta da diminuição da produção de dopamina no cérebro. A dopamina é um neurotransmissor, ou seja, uma substância que leva informações de uma célula para outra. É graças a ela que a gente não precisa pensar para fazer um movimento. ¹
No Brasil, o Parkinson já atinge, aproximadamente, 3,3% da população idosa. E a tendência é que haja um impacto ainda maior dessa enfermidade nos próximos anos, já que a população idosa vem ganhando uma expectativa de tempo de vida maior. ¹
É normal que o cérebro passe a produzir a dopamina em menor quantidade conforme os anos vão passando. Tanto é que os idosos têm uma dificuldade motora mais intensificada, que na maior parte dos casos, não tem nada a ver com uma doença, propriamente dita.
Então, como diferenciar os sintomas do Parkinson, daqueles sinais naturais do envelhecimento? Vamos entender melhor:
Sintomas de Parkinson x Sinais de envelhecimento
Bem, os médicos fecham o diagnóstico de acordo com o número de sintomas motores e suas características. O quadro é confirmado quando o paciente demonstrar pelo menos dois, dos três seguintes sintomas:
- Tremor
- Rigidez
- Bradicinesia
A bradicinesia é quando movimentos habituais começam a ter uma resposta lenta, este é um dos principais sinais de Parkinson, que aparecem na maioria dos pacientes. 2
Se não existem 2 ou mais conjuntos desses sintomas convivendo ao mesmo tempo, é possível que seja só um sinal normal de envelhecimento. Vamos entender mais tarde, como esses 3 principais sintomas se manifestam.
Por enquanto, vale lembrar que ainda não existe uma resposta científica que explique a interrupção da produção da dopamina, que acontece na doença de Parkinson, mas existem cuidados possíveis que podem atrasar o surgimento da doença, como veremos a seguir.
Medidas simples para prevenir o Parkinson e seus sintomas 3
- Fazer exercícios físicos
Atividades que movimentam o corpo levam mais oxigênio ao cérebro, e por isso estimulam a produção de novas células. Então, não ignore aquela oportunidade de fazer uma caminhada diária.
- Ter uma boa alimentação
Coma bastante alimentos antioxidantes. A lista é extensa: frutas, verduras, legumes e grãos. A variedade desses alimentos vai do cravo ao chocolate. Clique aqui e confira uma lista completa de alimentos recomendados para prevenir o Parkinson.
- Estimular o cérebro
Faça coisas que desafiem seu cérebro constantemente. Esqueça a história de que você já tem idade demais para fazer uma coisa nova. Estude um novo idioma, faça cálculos sem o uso da calculadora, preencha as revistas de palavras cruzadas e outros jogos semelhantes ou aprenda a tocar um instrumento musical. Leia muito: livros, revistas, jornais ou mesmo textos de internet. Inclusive você pode começar aqui no site da Supera. Já reparou quanto conteúdo informativo temos aqui no site à sua disposição?
Outra dica é o site Viva Nova Idade, que traz conteúdo exclusivo para o público preocupado com o envelhecimento saudável, lá você irá encontrar informações e dicas de saúde, bem-estar, lazer, planejamento e qualidade de vida.
- Praticar o convívio social
Conviver socialmente é uma forma de manter o cérebro saudável, e vai de encontro à tendência de que pessoas mais velhas não devem mais ter esse tipo de expectativa social. É um hábito simples e, boa parte das vezes, gratuito. Chame os vizinhos para um chá, entre para um clube, participe das reuniões de família, saia para dançar, faça trabalhos de caridade. Não importa quais são suas preferências, mas saiba que envolver as pessoas é divertido e pode prolongar a sua vida.
Parkinson: sintomas motores
A doença de Parkinson é conhecida como distúrbio de movimentos porque os tremores, a lentidão e a rigidez são os sinais que chamam mais atenção. Por isso, esses são os sintomas mais óbvios e também os mais comuns. Mas, como comentamos logo no início desse artigo, outras áreas também são afetadas, e passam a funcionar mal com a chegada do Parkinson.
Isso tudo varia de pessoa para pessoa. O desenvolvimento não tem quantidade de tempo definida entre a primeira fase (tremores em uma das mãos) e a quinta e última fase (impossibilidade de andar e o uso excessivo de remédios).
Conheça mais sobre as fases do Parkinson clicando aqui.
Instabilidade e desequilíbrio
Outro sintoma motor comum é a instabilidade postural, que é quando o paciente tem problemas para se equilibrar e cai constantemente. Porém, esses sinais não acontecem logo no início da doença, mas vão aparecer somente após a primeira fase. Eventualmente, casos em que a instabilidade postural acontecem logo no início configuram um paciente atípico de Parkinson. Porém, esse sintoma pode estar associado a alguma outra doença. 4
Outros sintomas motores do Parkinson 4
- Distonia – contração dos músculos de forma involuntária, causando movimentos repetitivos e dores fortes. 5
- Sialorreia (baba) – salivação excessiva e a diminuição da capacidade de engoli-la.
- Discinesia – movimentos involuntários em que rostos, braços, pernas e tronco se contorcem.
- Marcha Festinante – passos curtos e rápidos durante a caminhada, o que causa risco de queda. E o paciente também tem dificuldade em levantar os pés ao caminhar.
- Congelamento – movimentos que param repentinamente, o paciente sente que está preso.
- Rosto mascarado – quando a pessoa não consegue expressar sentimentos através da face, como sorriso, raiva, medo, entre outros. 6
- Micrografia – rigidez muscular nas mãos, notado principalmente quando a pessoa precisa escrever (os espaços entre as letras fica menor).
- Marcha embaralhada – passos curtos e postura curvada.
- Hipofonia – diminuição do volume ou textura de rouquidão na voz.
Parkinson: sintomas não motores
Apesar da baixa divulgação das informações sobre os sintomas não motores do Parkinson, eles existem, e são mais comuns do que parecem. Eles também podem ser tão preocupantes quanto os sintomas motores. Uma pesquisa do PMD Alliance (uma entidade norte-americana voltada para o desenvolvimento de novos estudos sobre o Parkinson), detectou a presença desses sintomas em 90% dos pacientes diagnosticados com a doença. 7
Esses sintomas podem aparecer vários anos antes do sintomas motores e ir diminuindo a saúde e a autoestima do paciente pouco a pouco. Principalmente porque os principais sinais não motores ligados ao Parkinson são: distúrbio do sono, ansiedade, depressão e alucinação. 7
Outros sintomas não motores do Parkinson 8
- Problemas cognitivos – dificuldades na atenção, no planejamento, empecilhos na memória e, em casos mais graves, até demência;
- Prisão de ventre (constipação);
- Saciedade precoce – sensação de saciedade mesmo ao comer uma quantidade menor do que o corpo precisa;
- Sudorese – produção excessiva de suor – acontece, normalmente, por conta do uso de remédios;
- Fadiga (cansaço excessivo), que não esteja associado ao esforço físico;
- Produção anormal de caspa nos cabelos;
- Alucinação e delírio;
- Tontura – causada pela queda da pressão arterial, quando se está de pé;
- Perda do olfato;
- Perda do paladar;
- Transtornos do humor – como apatia, irritabilidade, depressão e ansiedade;
- Dores;
- Problemas sexuais – como falta de ereção;
- Distúrbios de sono – como insônia, sonolência excessiva durante o dia, sonhos vívidos, síndrome das pernas inquietas;
- Incontinência urinária – perda espontânea da urina;
- Problemas de visão – principalmente para objetos e textos que estejam próximos aos olhos;
- Perda de peso.
Dicas importantes para quem tem Parkinson 9
Pessoas com Parkinson têm muitos problemas com que lidar, e certos aspectos podem ser agravados com uma informação mal colocada. Por isso, as dicas abaixo podem ajudar o paciente a lidar melhor com as questões clínicas da doença.
Trate os problemas não motores
Conheça o seu corpo e fique atento a todos os sintomas. Entretanto, o mais importante é conversar com o seu médico sobre os sinais. Apesar de o Parkinson ainda não ter cura, os problemas não motores, se bem cuidados, podem diminuir os incômodos que se acumulam.
Faça um diário dos sintomas
Faça anotações sobre o que você sente e em que horários ou momentos do dia os medicamentos funcionam melhor ou pior. Assim, seu médico poderá fazer alterações que vão melhorar o seu tratamento.
Conheça os medicamentos que podem piorar a situação
Com todos os problemas que podem surgir, alguns efeitos colaterais acabam acontecendo e diminuindo a qualidade de vida. Muitos pacientes acabam apelando para o uso de medicamentos fortes quando os sinais se intensificam. Remédios para náuseas e antipsicóticos são alguns dos não recomendados para pacientes parkinsonianos. Consulte um neurologista antes de utilizar qualquer tipo de medicação.
Mantenha os hábitos preventivos
Mesmo após o diagnóstico, você ainda pode prolongar sua vida com qualidade mantendo os hábitos preventivos citados anteriormente. Principalmente as atividades físicas, que vão auxiliar na mobilidade, na resistência e no bom humor. 10
Viver bem com Parkinson é possível
É uma doença difícil, que incomoda não apenas por seus sintomas, mas pela sua progressão. Igualmente, dependendo de quais eram os hábitos dos pacientes antes da doença, o impacto pode mudar completamente o dia a dia. A sensação de dependência e de impotência diante de algo que, até então, só trazia prazer e satisfação, pode fazer com que muitas pessoas reajam muito negativamente à doença.
Alguns pacientes se negam a aceitar a realidade, outros não sabem o que fazer diante do cenário incerto. Portanto, a família precisa se adaptar, fazer ajustes na rotina e nos espaços de circulação, promovendo um espaço agradável, mais simplificado, e que ofereça tanta autonomia quanto possível.
O mais importante, é seguir rigorosamente o tratamento e, por amor àqueles que estão ao seu redor, fazer de tudo para atrasar a progressão e tornar o ambiente mais acolhedor. É possível se manter otimista. É possível viver bem com Parkinson.
Para ver dicas de como melhorar a qualidade de vida para as pessoas com Parkinson, acesse nosso infográfico sobre o tema :
Colaborou com este artigo:
Dra. Daniela Maria Cardozo – CRM 119421 – Geriatra
Referências bibliográficas e a data de acesso:
1. Hospital Albert Einstein – 25/03/2020
2. Doutor Erich Onoff – 25/03/2020
3. Blog do N9ve – 25/03/2020
4. Parkinson’s Foundation – 25/03/2020
5. Medtronic – 25/03/2020
6. Doutor Erich Onoff – 25/03/2020
7. Parkinson and Movement Disorder Alliance – 25/03/2020
8. Parkinson’s Foundation – 25/03/2020
9. Parkinson’s Foundation – 25/03/2020
10. Simers – 25/03/2020