Quais os sintomas da dengue? Entenda o vírus e saiba como se cuidar
Você já se perguntou quais os sintomas da dengue? Esse vírus, que se espalha de um jeito discreto e quase invisível pelo Brasil, atinge um número enorme de pessoas anualmente – às vezes, infelizmente, até fatalmente.
A dengue é transmitida pelo Aedys Aegypti, um mosquito que se cria em focos de água parada, e ocorre, principalmente -, mas não exclusivamente – em regiões e épocas de temperaturas mais altas. Dados da Organização Mundial da Saúde estimam que, anualmente, 390 milhões de casos sejam identificados em todo o planeta, sendo a maior parte dele nos países latinoamericanos. E um número bastante expressivo ocorre justamente no Brasil, onde o vírus vem se disseminando continuadamente desde 1986. ¹
Até o momento, existe quatro tipos de vírus da dengue (sorotipos 1, 3, 3 e 4). Os 4 sorotipos são capazes de infectar e adoecer as pessoas. Porém, a infecção por um sorotipo gera imunidade permanente para esse mesmo sorotipo. Estudos também apontam a possibilidade de a infecção por um dos 4 sorotipos gerar imunidade temporária para os outros três, por um período total ainda não descoberto. ²
Por isso, trazemos hoje para você uma série de informações, por exemplo qual o estado da dengue no país, dicas de cuidados para a prevenção e um apanhado de dicas para você aprender a identificar quais os sintomas da dengue. Acompanhe:
A dengue no Brasil
Em 2020, o Brasil passa perto de viver uma epidemia de dengue como vista em 2013, ano em que mais de 2 milhões de casos foram contabilizados no país. Segundo o Boletim Epidemiológico nº 14, de abril de 2020, do Ministério da Saúde, somente nas 14 primeiras semanas do ano os registros davam conta de 484.249 casos prováveis.
Entretanto, diferente do que, na maioria dos anos, ocorre, as regiões Norte e Nordeste, as mais quentes, são as duas últimas no ranking de casos a cada 100 mil habitantes. Veja os números a baixo: ³
- Centro-Oeste – 553,52 casos a cada 100 mil habitantes
- Sul – 537,48 casos a cada 100 mil habitantes
- Sudeste – 212,35 casos a cada 100 mil habitantes
- Norte – 72,92 casos a cada 100 mil habitantes
- Nordeste – 55,77 casos a cada 100 mil habitantes
O mesmo boletim aponta um total de 148 mortes no mesmo período. Desses óbitos, as pessoas mais atingidas foram as que têm mais de 60 anos, que concentraram 59% do total de casos fatais.
Em meio à pandemia do novo coronavírus, o número de casos de dengue continua crescendo no Brasil. Uma possível explicação para esse aumento é que, tanto a taxa de mortalidade da dengue (que é bem pequena), quanto a magnitude da epidemia pelo novo Coronavirus, podem ter provocado um afrouxamento as medidas de prevenção à dengue. Outra possível explicação é o próprio ciclo das epidemias de dengue, que ocorrem em períodos de cada 3, 4 ou 5 anos. 4
Um mosquito, várias doenças
Além da dengue, o mosquito que transmite o vírus também é responsável por outros três vírus ainda mais perigosos: Zika, Chikungunya e Febre Amarela.
O Zika vírus causa a síndrome de Guillain Barré, um dos tipos de paralisia. Mas o maior perigo é para as mulheres grávidas, já que o Zika pode causar, no bebê, graves complicações neurológicas como a encefalite e microcefalia.
Sintomas do Zika Vírus 5
- Manchas vermelhas pelo corpo
- Vermelhidão nos olhos
- Febre baixa
- Dores no corpo
Igualmente perigosa, a Chikungunya é um tipo de febre que vem acompanhada de outros sintomas. Veja:
Sintomas de Chikungunya 6
- Dores intensas nas juntas
- Náuseas e vômitos
- Dor de cabeça
- Dores pelo corpo
Já a febre amarela dura, em média, 3 dias e apenas em casos bem raros é que podem ocorrer consequências graves. 7
Quanto aos riscos, não existem pessoas que tenham mais ou menos risco de contraírem a doença, entretanto, os idosos podem sentir as dores com mais intensidade. 6
Quais os sintomas da dengue?
Entender como a dengue funciona pode ser a diferença vital para quem contrai o vírus. Então, com intervalo de tempo da picada do mosquito ao início de sintomas, variando de 4 a 10 dias (período de incubação), a dengue possui tipos diferentes e, abaixo, você vai conhecer melhor cada um deles.
Dengue clássica – de febre à desidratação
A dengue clássica é a forma mais comum de manifestação do vírus, e possui diferenças entre a manifestação em crianças e em adultos.
Dengue em adultos
Em adultos, começa com um febre repentina que varia entre 39º e 40º graus. Na sequência, vêm as dores musculares, dores nas juntas, mal estar e fadiga intensa, dor atrás dos olhos, manchas vermelhas pelo corpo e, eventualmente, escoriações na pele. 8
A febre começa a diminuir num período que leva de 3 a 7 dias, mas isso nem sempre significa a cura. Pode ocorrer de o corpo permanecer fraco, num processo de astenia, ou seja, a diminuição da força física. É nesse período, também, que pode ou não ocorrer sangramentos no nariz, na gengiva, na vagina e em vasos superficiais na pele (hematomas). 8
A dengue também drena boa parte dos líquidos dos vasos sanguíneos, levando à desidratação e comprometendo a circulação do sangue. Por isso, estar bem hidratado é a coisa mais importante a se fazer para que o quadro de dengue não se agrave. 9
Ou seja, um ato simples como tomar água (principalmente), isotônicos, sucos naturais e chás pode, definitivamente, salvar uma vida.
Dengue em crianças
Igualmente à que dá em adultos, quando ataca às crianças a dengue começa com febre alta, mas é seguida de sinais mais subjetivos. São eles: apatia, falta de apetite, sonolência, vômito e diarreia. Também podem ocorrer as erupções cutâneas, porém de forma mais variável do que os sintomas anteriores. 8
Em crianças menores de dois anos, o choro e a recusa de alimentos e líquidos pode, ainda, agravar a questão da desidratação. E para as que têm até 5 anos, pode acontecer de a dengue acontecer sem sintomas e, quando ocorre o primeiro sinal evidente, a criança já está em estágio grave. 8
Dengue grave (hemorrágica)
O que antes era conhecido como “dengue hemorrágica”, agora de chama dengue grave, seguindo a nova classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS), feita em 2014.
A dengue grave inicialmente ocorre no mesmo padrão da dengue clássica ao longo dos primeiros dias. Mas é o que ocorre depois que chama atenção e alerta para a vida do paciente em perigo.
Depois do período de febre e enjoos, a pessoa começa a apresentar sangramento, palidez, falta de ar, excesso de suor (sudorese) e alguns órgãos podem ficar com o funcionamento comprometido. Sobretudo, isso pode levar à morte. 9
Sintomas da dengue: diagnóstico, tratamento e prevenção
Por ser um vírus que age rapidamente, a procura por um hospital deve ser emergencial. O reconhecimento clínico da doença é feito a partir do quadro clínico e confirmado por exames laboratoriais, como testes rápidos e sorologia para Dengue. Aqui no Brasil, o SUS oferece gratuitamente os mesmos exames confirmatórios.
A dengue tende a desaparecer naturalmente em até 10 dias, mas é importante lembrar que não é recomendado ficar em casa esperando o vírus morrer. Em caso de mínima suspeita, procure um profissional de saúde para saber em que grau está a infecção e como será preciso proceder. 10
Como cada caso pode ser diferente, seguindo as diversas variáveis da dengue, não existe um tratamento específico, sendo cada caso analisado individualmente. Mas, para estabilizar e curar o quadro clínico, o paciente precisa ter os seguintes cuidados: 10
Tratamento para dengue
- Ficar em repouso durante os dias da doença
- Manter-se hidratado, ingerindo água, outros líquidos saudáveis e repositores de sais minerais
- Não tomar medicamentos por conta própria, apenas sob supervisão médica ou receitado por um profissional
- A hidratação deve ser feita via oral ou intravenosa, ou seja, através de soro
Como prevenir a dengue
Anualmente, principalmente nos meses mais quentes do ano, muitas campanhas e mutirões são feitos incentivando a população a eliminar os focos de dengue. Afinal, essa ainda é a forma mais simples e eficaz de prevenção.
O mosquito que transmite a dengue coloca seus ovos em espaços com água acumulada e parada. E nem precisa ser um recipiente muito grande, como uma caixa d’água, um pneu ou uma piscina sem uso. Até mesmo vasinhos de planta ou tampas de garrava podem virar um criadouro do Aedes Aegypti. Por isso, quando você vir um potencial acumulador de água no seu quintal, na sua rua ou em qualquer espaço do seu convívio, cubra o local, vire os objetos de cabeça para baixo ou remova para um local coberto.
Vale também utilizar roupas que cubram os braços e as pernas durante o dia (período em que os mosquitos têm maior atividade) e fazer o uso contínuo de repelentes na sua pele e inseticidas nos locais fechados. Na hora de dormir, se ficar de janela fechada for um incômodo, uma boa dica é instalar uma rede mosquiteira em janelas ou carrinhos de bebê.
São dicas bem fáceis, não é mesmo? Essas medidas simples vão fazer com que você não precise conhecer no próprio corpo quais os sintomas da dengue.
Existe vacina para a dengue? 11
Apesar de a dengue ser um problema constante no Brasil desde a década de 1980, a primeira vacina regularizada só chegou por aqui em 2015, registrada pela ANVISA.
Essa vacina pode ser utilizada em pessoas que tenham entre 9 e 45 anos. A aplicação acontece em três doses, que devem manter um intervalo de seis meses entre uma dose e outra. Só assim, segundo o fabricante, é que a vacina garante a eficácia.
Mas essa vacina ainda não é 100% garantida. Pesquisas apontam que só duas de cada três pessoas que tomaram as três doses da vacina conseguiram realmente a imunidade. Por isso, é importante não relaxar nas prevenções, mesmo nos meses mais frios.
Os efeitos colaterais associados à vacina contra a dengue são:
- Febre leve
- Dor de cabeça
- Dor, inchaço e vermelhidão na área onde foi aplicada
Quem não deve tomar a vacina?11
As contraindicações da vacina da dengue são:
- Quem já está com o vírus da dengue
- Grávidas
- Quem possui alergia a um dos princípios ativos da vacina
Além disso, quem tomar a vacina não pode doar sangue por um período, por causa do composto de vírus atenuados que compõe a vacina.
Agora que você já sabe quais são os sintomas da dengue e que cuidados você pode ter para proteger você e as pessoas com quem você vive, que tal compartilhar este conteúdo para que mais pessoas se cuidem? Assim você fortalece a saúde da sua comunidade, e a sua comunidade fortalece a saúde do país.
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Colaborou neste artigo:
Dr. Leonardo Ruffing – Infectologista e Clínico Geral
CRM SP 129537
Referências bibliográficas e a data de acesso:
1. Médicos sem Fronteiras – 26/05/2020
2. Guia de Vigilância em Saúde – 08/06/2020
3. Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde – Abril de 2020 – 26/05/2020
4. Brasil de Fato – 26/05/2020
5. Ministério da Saúde – 26/05/2020
6. Ministério da Saúde – 26/05/2020
7. Médicos sem Fronteiras – 26/05/2020
8. Dráuzio Varella – 26/05/2020
9. Blog da Saúde – Ministério da Saúde – 26/05/2020
10. Veja Saúde – 26/05/2020
11. Brasil Escola – 26/05/2020