Depressão tem cura? O que é, como tratar e onde pedir ajuda
Depressão tem cura? Você sabe o que é, como tratar, quais os principais sintomas e onde pedir ajuda? Bom, se você sabe pouco ou quase nada sobre o assunto e tem dificuldade para entender nós estamos aqui para te ajudar! Mas, antes de tudo, vamos entender melhor a depressão. Veja:
O que é depressão?
A depressão é um transtorno mental causado, entre outros fatores, por uma instabilidade química no nosso organismo. Isso tem relação com a falta ou o desequilíbrio de neurotransmissores no corpo, como a noradrenalina e a serotonina, por exemplo.¹
A regulação dessas substâncias é feita pela genética da pessoa e pelo ambiente onde ela vive. Em relação a genética, sabe-se que algumas pessoas estão mais predispostas a desenvolver um desequilíbrio dos hormônios responsáveis pela regulação do humor e sentimento de bem-estar. Sobre o ambiente, é importante saber que os diversos lugares (e experiências que uma pessoa tem neles), vão influenciar na produção e equilíbrio dessas substâncias. Isso significa que as emoções vividas, como estresse, pressão, etc. serão um fator de risco para depressão. ²
Certo, mas como percebemos se há algo errado?
Como saber se é depressão?
Apenas um médico poderá fazer o diagnóstico da depressão, por isso, a avaliação especializada é a única forma de responder à pergunta “como saber se é depressão?”. De todo modo vale estar atento para alguns sinais que indicam um caso de depressão. Veja:
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- Quando alguém tem um sentimento de tristeza muito profundo, que não passa e nem sempre tem um motivo.
- Demonstração de falta interesse em atividades de que geralmente gosta.
- Pouca ou nenhuma motivação para fazer tarefas de sua rotina.
- Incapacidade de tomar atitudes. ³
Quem pode ter depressão?
A depressão pode afetar todos os tipos de pessoas. A doença atinge cerca de 350 milhões de pessoas no mundo, apresentando quadros que mudam de intensidade e duração.
Segundo o Ministério da Saúde, a depressão é um transtorno mental que afeta a saúde de modo grave. É considerada uma doença, sendo muito presente na população — aparecendo em torno de 15,5% dos brasileiros no decorrer da vida. O período mais comum do surgimento da depressão é no final dos 30 anos, mas isso não é uma regra, porque ela pode aparecer em qualquer idade. Alguns estudos comprovam a predominância de até 20% nas mulheres e de 12% nos homens durante a vida. 4
Logo, percebemos que a doença pode aparecer em qualquer idade, gênero, e de pessoas de todas as cores e classe sociais. Por isso, devemos ficar alertas, porque ela pode afetar qualquer um. Então, é fundamental procurar ajuda de profissionais e fazer o tratamento o quanto antes.
Tristeza e depressão, qual é a diferença?
Infelizmente, é comum as pessoas acharem que depressão é aquela tristeza que todos nós já sentimos em algum momento da vida e que geralmente acontece por causa de um motivo, por exemplo uma demissão, amores não correspondidos, a perda de alguém querido, problemas familiares ou dificuldades financeiras. Mas a verdade é que ela é bem diferente disso, precisamos sempre lembrar que tristeza não é a mesma coisa que depressão. A tristeza é um sentimento comum do ser humano, a depressão é um transtorno.
Depressão tem cura?
Essa é uma pergunta muito comum, e que merece uma explicação mais completa, por isso, conversamos com o Dr. Michel Haddad, que esclarece:
“Quando estamos falando do episódio depressivo a resposta é sim. A pessoa pode ter remissão dos sintomas depressivos e nunca mais voltar a apresenta-los. Uma das coisas que mais se fala hoje em dia é a chamada recuperação funcional, ou seja, não apenas o alívio dos sintomas como também que o indivíduo retorne plenamente à funcionalidade anterior ao episódio depressivo. Mas é importante destacar que a pessoa que teve um episódio depressivo tem um risco maior para recorrência dos sintomas depressivos no futuro.”
Isso significa que quando há o tratamento adequado, os sintomas podem até mesmo sumir completamente. Vale lembrar que isso só acontece se o tratamento for feito com orientação médica e psicológica.
Por isso, é muito importante fazer o tratamento, buscar ajuda e permanecer nessa manutenção durante o tempo necessário (que varia de uma pessoa para outra). Assim, a diminuição dos sintomas depressivos acontecerá com sucesso. Logo, é importante saber como tratar e onde pedir ajuda. Afinal, quando esses sentimentos e pensamentos negativos diminuem, a vida fica mais leve e produtiva, então, será possível experimentar uma sensação muito parecida com a cura da depressão.
Quais são os sintomas da depressão? 4
A seguir, listamos os principais sintomas da depressão. No entanto, é importante lembrar que podem existir outros, pois vai depender do tipo e gravidade da depressão. Neste texto estamos falando de modo mais geral, e também sobre as características mais comuns, aquelas que se apresentam na maioria dos quadros depressivos e são mais visíveis.
Principais sintomas da depressão 4
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- Humor depressivo: sensação de tristeza, autodesvalorização e sentimento de culpa. A pessoa acredita que perdeu a capacidade de sentir prazer e alegria.
- Pode haver a sensação de que é um peso para os outros.
- Vontade ficar sozinha quase o tempo todo também costuma ser comum.
- A pessoa vê o mundo e o futuro de forma negativa e percebe as dificuldades como algo insuperável.
- Retardo motor: falta de energia; sentimento de muita preguiça e de bastante cansaço; lentidão do pensamento; falta de concentração, de memória, de vontade e de iniciativa podem indicar um quadro depressivo.
- Insônia: apresenta dificuldade para manter o sono ou acorda muito cedo dele.
- Sonolência excessiva: a pessoa sente muito sono com bastante frequência (mais associada à depressão atípica).
- Apetite: diminui bastante ou aumenta muito (este também mais associado à depressão atípica).
- Redução do interesse sexual.
- Dores e outros sintomas físicos: mal-estar; cansaço; dor no peito; aceleração cardíaca; produção de muito suor.
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Quais são os possíveis tratamentos para depressão?
Como vimos, algumas pessoas que têm um episódio depressivo recuperam-se completamente, mas isso só acontece quando o tratamento é adequado. O objetivo é sempre o mesmo: fazer o controle de neurotransmissores para promover mais qualidade de vida.
A busca pela cura da depressão pode levar as pessoas a procurar os mais diversos tipos de ajuda. Entretanto, isso faz com que muitas delas caiam em “curas” falsas, por isso a orientação de um profissional é indispensável. Em primeiro lugar, busque um especialista, pois só ele pode te direcionar corretamente.
O tratamento pode ser feito somente com a psicoterapia ou associando a psicoterapia com o acompanhamento psiquiátrico (à base de medicamentos). Entretanto, isso vai depender do tratamento mais indicado para cada pessoa. Por isso, o médico escolhe o antidepressivo com base no tipo da depressão de seu paciente, em seu histórico clínico (pessoal e familiar) e também na boa resposta de seu paciente aos diferentes tipos de antidepressivos.
É importante destacar que muitos pacientes apresentam remissão total (sensação de cura) com o tratamento antidepressivo, por isso é fundamental que se faça o tratamento e o mantenha durante o tempo determinado pelo seu médico, jamais fazendo interrupção por conta própria. 4
Além disso, outros recursos podem ser usados junto do tratamento escolhido, ajudando o paciente a perceber resultados melhores e mais rápidos. Nesse sentido, podemos contar com uma boa alimentação, bons hábitos no sono, exercícios físicos, práticas artísticas, etc.
Entretanto, é fundamental saber que nenhuma atividade complementar ou medicina alternativa exclui o tratamento indicado por um profissional da Psicologia ou Psiquiatria. Essas outras opções podem colaborar, mas jamais substituem o tratamento psicológico ou medicamentoso (quando necessário). Lembre-se: práticas para melhorar a qualidade de vida e o bem-estar servem de ajuda, não de tratamento.5
Como funciona a psicoterapia? 1
A psicoterapia é um dos pilares na cura da depressão, e existem diferentes linhas de abordagem nessa área. Aquela a ser escolhida vai depender da personalidade do paciente, da confiança dele no terapeuta, dos sintomas apresentados e da gravidade da depressão. Portanto, primeiramente, o paciente deve sentir identificação com o terapeuta, para se sentir seguro de conversar sobre seus sintomas, medos, dores, emoções e dúvidas.
Por exemplo, um paciente que seja mais afetivo, provavelmente se identificará com um terapeuta que se apresenta de modo mais sensível e cuidadoso. Enquanto um mais racional, poderá se identificar mais com um terapeuta de perfil mais formal e clínico. Então, a escolha do terapeuta envolve as mais diversas características do paciente.
O tratamento psicológico ajuda o paciente a se observar e conhecer melhor a si mesmo e os gatilhos para seu mal-estar. Com isso, fica mais fácil de identificar os pensamentos e comportamentos problemáticos para que ele encontre novas formas de lidar com os seus conflitos, melhorando a sua relação consigo mesmo e com os outros ao seu redor. A psicoterapia é indicada para depressivos leves, moderados e graves.
Medicação
Em muitos casos, a medicação será indispensável, uma vez que o reequilíbrio das substâncias químicas no cérebro depende disso. Existem diferentes tipos de fármacos psiquiátricos que podem ser administrados para depressão, mais conhecidos como antidepressivos. Sendo que alguns deles também podem ser boas estratégias no tratamento da ansiedade, que eventualmente aparecerá junto com a depressão.
Como comentamos anteriormente, a escolha será do médico, que deverá avaliar o histórico clinico do paciente e a resposta que ele tem aos diferentes tipos de remédios. Ainda sobre à medicação psiquiátrica, também vale a pena mencionar os antipsicóticos, muito embora essa classe de medicamentos seja usada somente para tratar doenças como Esquizofrenia, Transtorno Afetivo Bipolar, entre outros. É importante destacar que um paciente com depressão também pode ter outros transtornos (emocionais ou mentais) como comorbidade de sua condição.
Quais atividades posso fazer para me sentir melhor?
Podemos considerar diferentes práticas que, quando associadas ao tratamento feito sob orientação médica, podem ajudar muito! Dessa maneira, primeiro é preciso lembrar que a depressão é um problema químico, então o paciente deve se envolver em atividades que estimulem o prazer para produzir as substâncias necessárias. Então, a seguir vamos listar algumas sugestões. Confira:
5 sugestões para acompanhar o tratamento da depressão
- Atividades artísticas: aulas de dança, música e pintura.
- Meditação: aulas de ioga ou práticas de mindfulness.
- Massagens e chás: por exemplo, passiflora e camomila.
- Exercícios físicos: pilates, alongamento, natação e musculação.
- Hábitos saudáveis: noites de sono com qualidade (respeitando horários e em local confortável) e alimentação adequada (de preferência com orientação de um nutricionista).
Onde pedir ajuda?
Todos aqueles que precisam de ajuda porque procuram a cura da depressão podem entrar em contato com os órgãos e instituições que vamos indicar. Então, se você ainda não procurou ajuda, faça isso o quanto antes. Não esqueça que a depressão tem tratamento e que você pode se sentir curado durante longos períodos, se tiver apoio. Isso vai lhe trazer uma diminuição bem significativa de seus sintomas. Portanto, busque um psiquiatra e terapia. Vale a pena!
Rede de auxílio para quem tem depressão 6
Os locais a seguir devem ser procurados de acordo com seu estado ou cidade. Neste link, você encontra as explicações sobre cada um e como entrar em contato com eles. Além desses, existem profissionais particulares ou aqueles ligados a planos de saúde, que você geralmente encontra o contato na internet.
- Centros de Atenção Psicossocial (CAPS): realizam tratamento na Atenção Primária e atendem nos ambulatórios especializados.
- Rede de Atenção Psicossocial (RAPS): pacientes em situação de emergência são atendidos nos serviços de urgência e emergência dessa rede.
- Centro de Valorização da Vida (CVV): realiza apoio emocional a todas as pessoas que querem e precisam conversar, pode ser por telefone, e-mail e chat. Atende 24 horas todos os dias no número 188.7
- Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT): lugares destinados a pacientes com transtornos mentais ou que voltaram de internações psiquiátricas de longa permanência ou que não têm suporte social.
- Unidades de Acolhimento (UA): oferece cuidados em ambiente residencial para pessoas com transtornos mentais e usuárias de drogas.
- Ambulatórios Multiprofissionais de Saúde Mental: atendimento feito por psiquiatra, psicólogo, assistente social, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, enfermeiro etc.
- Enfermarias Especializadas em Hospital Geral: oferecem internações hospitalares de pacientes com quadros clínicos graves.
- Hospital-Dia: fazem diagnósticos.
Depressão: como ajudar?
As pessoas com depressão já passam por períodos muito difíceis, e não é fácil buscar e conseguir ajuda. Muitas não procuram nenhum tipo de tratamento porque acham que não podem melhorar. Mas podem! Então vamos ajudar? A seguir, duas listas do que devemos falar ou evitar dizer para quem tem depressão.
O que jamais deve ser dito para pessoas com depressão?
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- Você está exagerando, não é tal mau assim.
- Todos temos problemas, você precisa reagir.
- Sei o que você está passando, já me senti assim também. ³
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O que sempre deve ser dito para pessoas com depressão?
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- Você não está sozinho.
- Não é culpa sua.
- Eu vou com você.
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Por fim, devemos lembrar que o apoio da família e amigos é muito importante para quem tem depressão. Não só com as palavras certas, mas também com atitudes. Mostre-se disponível a ajudar na procura dos profissionais e de tratamento.
Seja você a pessoa que está apoiando alguém que passa ou por isso, ou aquele que sofre com o problema, lembre-se que o primeiro passo é a busca para fazer o diagnóstico correto e, com isso, começar o tratamento apropriado. Quanto antes melhor! Você não está sozinho, muitas pessoas também têm esse transtorno ou convivem com alguém que tenha. E é sempre bom lembrar que existem outras tantas pessoas que querem muito oferecer auxílio.
Por isso, indique essa leitura a conhecidos e busque se informar cada vez mais. As portas para uma vida mais saudável estão abertas, seja para você ou para quem está por perto. Vamos tentar?
Colaboraram com esse artigo:
Dr. Michel Haddad
Psiquiatra – CRM 145096-SP
Violeta Tomich
Psicóloga – CRP 967.67-PR
Dr Thiago Cavenaghi Castanheira
CRM 184643-SP
Referências bibliográficas e datas de acesso:
1. Hospital Santa Mônica — 08/08/2020
2. UFRG: saúde mental — 08/08/2020
3. Dráuzio Varella — 08/08/2020
4. Ministério da saúde: depressão — 08/08/2020
5. Violeta Sanhueza: psicóloga colaboradora CRP-PR 08/29513 — 08/08/2020
6. Ministério da Saúde: saúde mental — 08/08/2020
7. Centro de Valorização da Vida (CVV) — 08/08/2020
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👉 7 tipos de depressão e suas causas, sintomas e tratamentos
Revisado em: Dezembro/22