Diagnóstico de Alzheimer: entenda os sinais de alerta
Por mais que a expectativa de vida venha aumentando ao longo dos anos, envelhecer traz alguns temores como, por exemplo, a possibilidade de receber o diagnóstico de Alzheimer. Essa, que é uma doença que atinge o cérebro e ainda não tem cura, faz com que o idoso vá perdendo memórias, linguagem e tenha outros prejuízos na capacidade de discernimento das coisas.
A gravidade do Alzheimer se dá porque ele piora quanto mais o tempo vai passando. No começo, a pessoa se esquece de acontecimentos recentes, como, por exemplo, quem acabou de ligar ou qual era o filme que estava vendo. Mas um dia chega ao ponto de apagar conhecimentos mais enraizados como o endereço de casa e o nome dos filhos.
A doença de Alzheimer afeta também aqueles que estão ao redor, como filhos, cônjuges e amigos. E estas pessoas precisam doar muita atenção e carinho porque, sem dúvida, aqueles que recebem o diagnóstico de Alzheimer vão precisar.
À família, cabe também prestar atenção aos sinais preocupantes que podem dar indícios de que esta doença apareceu no idoso. Só assim, todos em volta podem ficar alertas, procurar orientação médica e, por fim, iniciar o tratamento.
Abaixo, nós vamos te explicar o que é o Alzheimer e que sinais você não deve ignorar quando o assunto for esta doença.
Alzheimer: quais as chances de você desenvolver?
Entre os fatores de risco do Alzheimer, o mais conhecido deles é a própria idade. Quanto mais anos de vida o indivíduo tiver, maiores são as chances de o problema aparecer. Principalmente depois dos 65 anos. Entretanto, esta não é diretamente uma causa, afinal, nem todos que envelhecem têm ou terão o diagnóstico de Alzheimer. Assim, existem outros fatores que também podem colaborar com o surgimento da doença. ¹
Problemas pré-existentes como obesidade, hipertensão e diabetes podem estar associados às causas que levam o indivíduo ao Alzheimer. Hábitos prejudiciais à saúde como fumar e se alimentar mal também podem trazer os prejuízos degenerativos do Alzheimer. ²
Outras possíveis causas do Alzheimer: ²
- Colesterol alto
- Diabetes tipo 2
- Baixa atividade mental
- Síndrome de Down
- Traumatismo craniano grave
Sintomas que levam ao diagnóstico de Alzheimer
É muito importante esclarecer que o Alzheimer é uma doença muito séria e, ainda que inicialmente se assemelhe àquelas esquecidas que muitas pessoas têm de vez em quando, a doença acarreta problemas profundos. Por isso, fique atendo aos sintomas.
Sintomas do Alzheimer: 3,4
- O idoso não se lembra dos acontecimentos recentes
- Faz a mesma pergunta várias vezes e fica repetitivo
- Tem dificuldade de acompanhar conversas e ideias mais complexas
- Se esquece de como fazer as etapas de alguma tarefa específica
- Tem dificuldade em pensar nas ideias que solucionem seus problemas
- Apresenta problemas para dirigir, tal como encontrar os caminhos que ele já conhece
- Vai perdendo a capacidade de lembrar-se de palavras que transmitam o que quer expressar, seja falando ou escrevendo
- Tende ao isolamento ou distanciamento social
- Começa a interpretar de forma errada alguns estímulos visuais e/ou auditivos
- Pode ficar irritado ou agressivo com frequência
- Com frequência, também se vê alterações de humor
Para saber ainda mais sobre como age a doença em quem recebe o diagnóstico de Alzheimer, clique aqui e confira nosso outro artigo sobre o tema.
Alzheimer: 10 etapas para abordar o problema da memória 5
Agora imagine o seguinte cenário: você vem notando que algum amigo, parente ou mesmo outra pessoa próxima vem apresentando alterações em relação à memória, como explicamos acima. É totalmente normal ficar apreensivo quanto ao que fazer e que tipo de apoio oferecer se você desconfiar do Alzheimer ou mesmo de outras formas de demência.
Talvez você também encontre certa resistência daquele idoso que, se comprovado o diagnóstico de Alzheimer, terá de enfrentar um restante de vida com cada vez mais dependência de outro adulto.
Além disso, se você não é médico ou tem qualquer conhecimento técnico na área da saúde, pode ter dúvidas e inconsistências na hora de avaliar por si mesmo o que aquela pessoa tão querida pode estar passando. E, de fato, a palavra final sempre deve ser de um especialista.
Mas o guia a seguir, desenvolvido pela entidade internacional Alzheimer’s Association, traz 10 etapas que vão te ajudar a oferecer o apoio correto para cada tipo de situação e ainda chamar atenção do idoso para um possível diagnóstico de Alzheimer. Confira:
Passos 1 ao 4 – Você deve avaliar a situação
Passo nº 1 – Faça observações e anotações, fazendo as seguintes perguntas: que mudanças aquela pessoa apresentou em relação às suas memórias, seus comportamentos e pensamentos? O que ela está fazendo (ou deixando de fazer) que não parece parte da personalidade dela?
Passo nº 2 – Perceba o que mais está acontecendo. Como dito anteriormente, são vários os fatores que podem levar o indivíduo aos problemas de memória. Analise que hábitos o estilo de vida desta pessoa podem ser um fator agravante.
Passo nº 3 – Adquira conhecimentos sobre Alzheimer e outros tipos de demência e quais os benefícios de um diagnóstico precoce.
Passo nº 4 – Converse com outras pessoas que convivem com o idoso e pergunte se elas também notaram mudanças. Essas pessoas podem te ajudar a ver além do que você já percebeu ou mesmo tirar dúvidas se existe mesmo motivo para se preocupar.
Passos 5 ao 9 – Tome atitudes através de uma conversa
Passo nº 5 – Defina quem vai conversar com o idoso sobre os problemas que ele está vivendo. Pode ser você, um amigo, algum familiar ou qualquer outra pessoa que transmita confiança. O ideal é que seja uma conversa entre o idoso e apenas mais uma pessoa, para que não dê a ideia de se trata de uma ameaça à individualidade pensada por um grupo (que geralmente é a família).
Passo nº 6 – Defina um dia e um local adequado para ter a conversa. Faça com que o encontro seja breve e num espaço onde a pessoa fique confortável.
Passo nº 7 – Encontre a forma certa de dizer o que deve ser dito. Você pode tentar as formas abaixo:
- “Eu notei [fale a respeito da mudança] em você e estou preocupado. Você também está preocupado?”
- “Como você tem se sentido ultimamente? Você não está parecendo com o que conheço de você.”
- “Percebi que você [adicione o problema específico] e isso me preocupou. Aconteceu mais alguma coisa assim?
- “Você também tem notado alguma alteração?”
A partir desses exemplos, anote outras ideias de formas tranquilas e objetivas de começar uma conversa.
Passo nº 8 – Pergunte à pessoa se ela pensa em consultar um médico e se ofereça para ir à consulta de companhia. Abaixo, algumas ideias de frases de encorajamento.
- “Há muitas coisas que podem estar causando isso, e a demência pode até nem ser uma delas. Mas vamos ver o que o médico nos diz sobre isso.”
- “Quanto mais cedo soubermos o que está causando estes problemas, mais cedo poderemos resolvê-los.”
- “Acredito que falar com um médico pode te deixar em paz com isso.”
Passo nº 9 – Tenha em mente que nem sempre a primeira conversa será fácil e bem sucedida. Faça anotações sobre o que deu errado da primeira vez e planeje uma segunda tentativa.
Observação:
Caso você se sinta confortável, tente entrar antes na consulta para dizer ao médico as alterações que você notou e não se se sente confortável para dizer isto na frente da pessoa. Ou entregue suas anotações ao médico sem que a pessoa perceba.
Passo 10 – Procure ajuda
Por último, recorra às entidades próximas de você que podem auxiliar e trazer esclarecimento.
Alzheimer e outras formas de demência
No Brasil, em torno de 11,5% da população idosa recebe o diagnóstico de Alzheimer. Porém, é comum que se confunda o Alzheimer com demência. E aqui, a palavra demência está sendo utilizada como no vocabulário da medicina, e não da forma pejorativa que é popularmente conhecida. 6
Mas o que é, de fato, a demência?
Demência é uma doença que está ligada às alterações na cognição, ou seja, a função cerebral que te faz tomar atitudes através do que os sentidos percebem. A pessoa que tem a demência passa a ter uma visão de mundo um tanto deturpada. A compreensão comum que se tinha do mundo passa a perder aquele filtro da normalidade.
E as causas da demência são bem variadas. Elas podem estar relacionadas, por exemplo, à falta da vitamina B12, a um derrame ou hipotireoidismo (problemas no funcionamento da tireoide). Todas essas causas podem levar a quadros de níveis variados de demência. 7
Contudo, alguns quadros de infecção podem levar a casos de delírio. Esses delírios podem também levar a casos confusionais que acabam sendo confundidos com demência.
Assim como a doença de Alzheimer, que é considerado o tipo mais grave de demência, a demência ainda não possui cura, mas tem tratamento.
Existe diagnóstico de Alzheimer precoce? 8
Sim, existe Alzheimer em pessoas que estejam abaixo dos 65 anos. Esse é um caso não exatamente raro, mas com uma ocorrência muito menor. Apenas 5% dos casos de Alzheimer ocorrem em pessoas não idosas.
Como o envelhecimento nesses casos, geralmente não é considerado um fato diretamente ligado ao quadro de Alzheimer, estima-se que as principais causas são relacionadas à hereditariedade, ou seja, parentes que já tenham tido a doença. Outros casos podem ocorrer devido a mutações em genes de alto impacto.
Também são associados ao Alzheimer precoce casos de doenças pré-existentes e distúrbios comportamentais, como:
- Ansiedade, depressão, excesso de trabalho e transtorno de déficit de atenção com hiperatividade
- Distúrbios de sono
- Problemas metabólicos e bioquímicos como insuficiência cardíaca/pulmonar, obesidade e diabetes
- Complicações cardiovasculares
- Doenças infecciosas como o HIV e a Sífilis, entre outras
- Complicações inflamatórias como a esclerose múltipla
- Doença de Parkinson
- Outras causas variadas
Mas lembre-se: sempre consulte seu médico antes de associar um desses problemas ao Alzheimer.
A boa notícia é que os casos de diagnóstico de Alzheimer precoce são potencialmente reversíveis (mas não curáveis). Ou seja, quanto antes a doença for identificada e tratada, mais qualidade de vida a pessoa tem ao conviver com a doença.
Diagnóstico de Alzheimer no cinema
Nos cinemas, o filme de 2015 Para Sempre Alice mostrou a história real da professora universitária Alice Howland, que, no auge da carreira, recebe o diagnóstico de Alzheimer. Tanto filme quanto o livro no qual ele foi baseado foram elogiados por uma associação especializada em Alzheimer nos Estados Unidos como uma das melhores representações da doença já feitas nas artes. É uma ótima dica ver outras abordagens sobre o assunto. 9
O Alzheimer é uma doença bastante temida. Mas que tal trocar o medo por hábitos que possam retardar ou mesmo impedir a chegada da doença? Busque um estilo de vida que beneficie seu corpo tanto quanto sua mente. Dessa forma, envelhecer vai ser ainda melhor!
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Colaborou com esse artigo:
Referências bibliográficas e a data de acesso:
1. NeuroLógica – 01/06/2020
2. Associação Brasileira de Alzheimer – 01/06/2020
3. Ministério da Saúde – 01/06/2020
4. Alzheimer’s Association – 01/06/2020
5. Alzheimer’s Association – 02/06/2020
6. Viva Bem Uol – 02/06/2020
7. Canal Drauzio Varella – 02/06/2020
8. Doutor Cérebro – 02/06/2020
9. Amazon – 02/06/2020