Dor na mama: o que isso pode indicar sobre a saúde da mulher?
Como mulher, certamente você já sentiu dor na mama em algum momento. Seja por uma batida ou mesmo algo que você não soube identificar o motivo, não foi?
Essa dor é chamada cientificamente de mastalgia e é um sintoma até bastante comum, afetando cerca de 70% das mulheres. Havendo inclusive situações em que esse sintoma gera tamanho desconforto que pode ser um indicativo de algumas doenças muito graves, como é o caso do câncer de mama.
Por essa razão, esse é o nosso assunto de hoje: dor na mama, o que isso pode indicar sobre a saúde da mulher? Continue a leitura e descubra! ¹
Entendendo a anatomia da mama feminina
As mamas são encontradas na parte superior dianteira do tórax, estando em posição anterior aos músculos peitorais ou, como se costuma dizer, “por cima do músculo”. ²
Por fora, cada mama é revestida por uma pele e ao centro é possível observar a aréola e a papila (chamada comumente de bico). A aréola possui formato circular e sua cor é diferente do restante da mama. Uma curiosidade é que a cor da auréola pode variar durante alguns momentos da vida da mulher, sendo mais escura durante a gravidez, por exemplo.
As glândulas mamárias possuem uma estrutura dinâmica, o que significa que a sua anatomia muda dependendo da idade da mulher, fase do ciclo menstrual e status reprodutivo. ²
Em relação ao tamanho, as mamas variam estando essa questão também relacionada à fase de vida da mulher; uma vez que são pequenas na infância e se tornam maiores na puberdade, em razão da ação dos hormônios femininos.
Desse modo, durante a gestação as mamas podem aumentar de tamanho e, após o parto, podem atingir até o dobro do tamanho. É importante lembrar que na mesma mulher as mamas podem ter tamanho desigual.
Nas mulheres jovens as mamas são mais firmes em comparação a mulheres após a menopausa. Isso acontece porque com o processo natural de envelhecimento ocorre a atrofia das glândulas mamárias e aumento da gordura da mama.
O que causa a dor na mama?
As dores nas mamas em sua maioria são causadas normalmente por fortes alterações hormonais, como acontece durante a menstruação ou na menopausa.
Entretanto, a dor também pode estar relacionada com outras situações, como a presença de cistos, nódulos, a mastite relacionada à amamentação ou até mesmo, ainda que seja raro, o câncer de mama.
Por isso, se a dor ou o desconforto na mama permanecer por mais de 15 dias ou se não estiver relacionada com a menstruação ou a menopausa, é importante que a mulher procure um médico ginecologista ou mastologista para uma avaliação, e se preciso, realizar exames.
Tipos de dor: dor cíclica e não cíclica
As dores nas mamas se dividem em dois tipos: cíclica e não cíclica. ³
A dor cíclica é a mais comum e pode ser causada pelas variações hormonais que ocorrem mensalmente em função do clico menstrual. Geralmente, essa dor ocorre nas duas mamas. A sensação é comumente descrita pelas mulheres com um peso e também comum que isso se estenda para os braços.
A dor tende a ser mais severa antes da menstruação e costuma a ser aliviada quando um período termina. Dor na mama cíclica ocorre com mais frequência em mulheres jovens, podendo desaparecer naturalmente conforme a jovem entra na idade adulta ou já na menopausa.
A dor na mama não cíclica, por sua vez, atinge mais mulheres adultas de 30 a 50 anos de idade e pode ocorrer em apenas uma das mamas. É comum que as mulheres que sentem essa dor a descrevam como uma dor aguda ou uma sensação de queimação que ocorre em uma área de uma mama.
Algumas vezes, a dor não cíclica pode ter como causa um fibroadenoma – um tipo de tumor de mama não cancerígeno que ocorre mais frequentemente em mulheres jovens – ou um cisto. Sabendo a a causa do sintoma, há tratamentos que podem aliviar a dor.
Confira a lista das causas mais comuns de dor na mama. Depois, falaremos delas com mais detalhes também 4
Lista das causas mais comuns de dor na mama
- Puberdade;
- Tensão Pré-Menstrual (TPM) ou menstruação;
- Gravidez;
- Amamentação;
- Mudança de anticoncepcional;
- Climatério e menopausa;
- Cistos na mama.
Causas mais comuns de dor na mama
Vamos iniciar esse tópico falando de puberdade, TPM e menstruação, seguindo com gravidez, amamentação, mudança de anticoncepcional, chegando ao climatério e menopausa e, por fim, falando dos cistos mamários.
Puberdade
Durante a puberdade que ocorre, em geral, entre os 10 e 14 anos é comum que a menina apresente alguma queixa de leve dor ou desconforto na mama. Isso ocorre pela presença de hormônios que induzem ao crescimento do tecido mamário, esticando a pele, processo esse que pode causar então uma maior sensibilidade.
É comum ainda que esses episódios de dor se repitam até que a mama tenha se desenvolvido completamente. Portanto, esse tipo de dor mamária não representa nenhuma doença e sim uma consequência do processo de crescimento.
TPM ou menstruação
As alterações hormonais que ocorrem antes e durante a menstruação podem provocar dor na mama de algumas mulheres, o que não representa algo grave, apesar do incômodo.
Nestes casos, é comum que a mulher sinta pequenas pontadas na mama ou sensibilidade aumentada, mesmo no bico da mama. Se dura de 1 a 4 dias e é leve ou moderada, pode ser considerada normal, porém, se durar mais de 10 dias e irradiar para o braço ou axila, a mulher deve buscar por um médico ginecologista ou mastologista para avaliação. 4, 5
Gravidez
Durante a gestação as mamas podem ficar especialmente sensíveis no início e no final da gravidez. Inclusive essa sensibilidade maior na mama pode ser um dos primeiros sintomas de gravidez para muitas mulheres.
Enfim, essa dor na mama se dá principalmente em função do crescimento das glândulas mamárias, mas também pode estar relacionada à produção de leite materno, por exemplo. 4, 5
Amamentação
Já no período pós-parto, o chamado puerpério, é quando as mamas de fato produzem e secretam o leite materno. Assim, durante a amamentação, quando as mamas estão cheias de leite pode ocorrer de elas ficarem duras e muito doloridas.
Se a dor é aguda e localizada no mamilo, isso pode indicar uma rachadura, o que provoca intensa dor podendo chegar a até mesmo ao sangramento.
Outras causas de dor na mama relacionadas à amamentação são a mastite e o ingurgitamento mamário. Temas esses que podemos tratar com especial atenção em um próximo texto.
Mudança de anticoncepcional
O início do uso ou mesmo a mudança de anticoncepcional pode estar relacionada a uma maior sensibilidade nas mamas, muitas vezes percebida pela mulher como dor. Uma vez sendo dor, pode ser leve ou moderada e geralmente afeta as duas mamas ao mesmo tempo e também pode haver sensação de queimação. 4, 5
Climatério e menopausa
Ao entrar o período do climatério, ou seja, o período que anuncia a aproximação da menopausa, algumas mulheres podem sentir as mamas doloridas ou mesmo ter a sensação de queimação, além de outros sintomas típicos do período, como ondas de calor, suor noturno e alterações de humor, por exemplo.
A dor na mama nessa fase da vida da mulher está relacionada à alteração nos níveis dos hormônios estrogênio e progesterona, que tendem a variar bastante durante essa fase, afetando o tecido mamário e causando o desconforto.
Cistos na mama
Algumas mulheres têm um tecido mamário irregular chamado de seios fibrocísticos, o que pode causar dor principalmente antes da menstruação.
Essa condição predispõe a formação de nódulos nos seios que podem crescer ou desaparecer sozinho. De todo modo, não está relacionada ao desenvolvimento de câncer de mama.
Outras possíveis causas de dor na mama
Além das causas que citamos, ainda existem muitas outras situações que podem causar dor na mama. Entre elas: trauma, exercício físico, doença de Mondor (inflamação de uma ou mais veias, causada por um coágulo que se apresenta como um cordão fibroso e espesso na região subcutânea da mama), tumores benignos ou macrocistos, que podem ser esclarecidos pelo médico ginecologista ou mastologista.
Bônus: Quando a dor na mama pode ser sinal câncer?
Geralmente os tumores malignos não causam dor, ou seja, raramente a dor na mama será um indicativo de de câncer. Dessa forma, no caso do câncer é preciso que haja ainda outros sintomas, tais como depressão em uma parte da mama, alteração de cor ou textura da pele da mama, caroços nas axilas e saída de secreção pelo mamilo, por exemplo. 6
É importante lembrar que embora as mulheres com maiores riscos sejam as que possuem histórico de mãe ou avós que tiveram câncer de mama, que estão acima de 45 anos de idade e as que já tiveram algum tipo de câncer, todas as mulheres devem realizar o exame de mamografia anualmente a partir de um momento em sua vida. O Ministério da Saúde orienta o rastreamento a partir dos 50 anos, já a Sociedade de Ginecologia recomenda a partir dos 40-45 anos (dependendo dos fatores de risco da paciente).
Já mulheres jovens, que amamentaram e que tiveram apenas lesões benignas ou até mesmo, cisto benigno na mama não têm mais risco de câncer de mama. Devendo então manter a rotina de realizar o autoexame das mamas regularmente e procurar o médico ginecologista ou mastologista em caso de encontrar algum sinal de alteração na mama ou mesmo quadro de dor com duração maior que 10 dias.
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Colaborou com esse artigo:
Dra. Karen Rocha De Pauw
CRM-SP 106923
Site: www.doutorakaren.com
Dr. Thiago Cavenaghi Castanheira
CRM-SP 184643
Referências bibliográficas e datas de acesso
1 – GlobalMed – 23/09/2020
2 – Kenhub – 23/09/2020
3 – MD. Saúde – 23/09/2020
4 – Tua Saúde – 23/09/2020
5 – Minha Vida – 23/09/2020
6 – Oncoguia – 24/09/2020
Revisado em: Dezembro/22