Hipoglicemia e hiperglicemia: Diferenças, sintomas e controle

Se você convive com o diabetes, clinicamente conhecido como diabetes mellitus, provavelmente já ouviu falar nestas duas palavrinhas: hipoglicemia e hiperglicemia. Isso porque elas definem as alterações nos níveis de açúcar no sangue, por isso podem ser um desafio a mais na vida dos diabéticos.

Nesse artigo você vai entender um pouco mais sobre as duas condições, a diferença entre elas, os sintomas mais comuns durante as crises, e também vai conhecer algumas formas de controlar a glicose. Isso vai te ajudar a se manter bem longe destes problemas, e claro, a viver com mais bem-estar e qualidade de vida.

Hipoglicemia e Hiperglicemia: Entendendo as diferenças

A hipoglicemia é a baixa de açúcar no sangue e pode acontecer quando a pessoa não se alimenta em quantidade suficiente, atividade física intensa, ou o mais comum no caso dos diabéticos: usa medicamento que diminui a glicemia no sangue ou insulina de maneira errada.

A hiperglicemia, por sua vez, é o extremo oposto dessa condição, ou seja, ela acontece quando há muito açúcar (glicose) no sangue. Isso pode acontecer mais ou menos pelos mesmos motivos que descrevemos, mas nesse caso, indo na outra direção.

Por exemplo, a pessoa se alimenta mais do que o necessário, ingere os alimentos que deveriam ser evitados, mantém um estilo de vida sedentário, deixa de tomar a medicação como deveria ou passa por situações de stress físico ou psíquico. ¹

A alimentação e a hiperglicemia

É importante lembrar que é natural que os níveis de açúcar no sangue aumentem após as refeições, e que isso por si só, não é considerado um quadro hiperglicemia. A hiperglicemia acontece quando mesmo horas após a refeição, os níveis de açúcar ainda permanecem altos. ³

Preste atenção aos alimentos permitidos e evitados para diabetes, pois o cuidado com a alimentação é uma das formas de evitar uma crise de hiperglicemia, já que o ajuste na dieta sempre terá como objetivo manter um nível adequado de glicose circulando pelo corpo.

Conheça a seguir alguns sintomas que podem sinalizar o excesso de açúcar no sangue:

Sinais e Sintomas de Hiperglicemia 3

  • Boca seca e muita sede;
  • Fome excessiva;
  • Vontade frequente de fazer xixi;
  • Cansaço (fadiga extrema);
  • Dor de cabeça;
  • Visão embaçada;
  • Sonolência;
  • Dificuldade para respirar.

Um simples exame de sangue pode revelar um quadro de hiperglicemia, ele pode ser feito no laboratório, na farmácia, ou até mesmo em casa, com um pequeno monitor glicemia portátil. Nesse último exemplo, com uma gota de sangue colocada na fita e introduzida no monitor, já é possível saber se há alguma alteração na taxa de glicemia. Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) a glicemia normal em jejum não deve ultrapassar 100 mg/dl e duas horas após uma refeição 140 mg/dl. 4

Hiperglicemia: o que fazer

O tratamento médico da hiperglicemia pode variar dependendo da causa. Pessoas com níveis de glicemia pouco elevados, como acontece no pré-diabetes, por exemplo, muitas vezes são reduzidos apenas com mudanças no seu estilo de vida.

Essas mudanças geralmente incluem adotar uma dieta mais equilibrada, beber mais água e começar ou aumentar a frequência de atividade física.

No caso das pessoas que já tem diagnóstico de diabetes mellitus é sempre importante que se faça a medição diária da glicemia.  Havendo uma crise de hiperglicemia, siga a orientação do seu médico para lidar com a situação e se necessário, busque atendimento de urgência se os sintomas forem persistentes.

Hipoglicemia

No início isso pode parecer curioso para algumas pessoas, mas os diabéticos também poderão ter  que  lidar com a falta de açúcar no sangue, isso é a hipoglicemia. Se você acabou de receber o diagnóstico, pode ser que agora esteja se perguntando: mas como isso é possível?

Bom, a maioria dos casos de hipoglicemia ocorre justamente em pessoas com diabetes. Essas crises geralmente são causadas pelo excesso de insulina ou outros medicamentos no organismo. Mas vale ressaltar que a condição também costuma ser mais comum nos diabéticos que desenvolvem doença renal crônica. 3

O quadro onde as quantidades de açúcar no sangue ficam mais baixas também é agravado se a dieta for inadequada ou jejum prolongado. Por exemplo, pessoas com diabetes que reduzem a ingestão de alimentos que são recomendados e aumentam os que devem ser evitados, têm mais chances de sofrer de hipoglicemia e hiperglicemia.

Se, após a ingestão de uma dose de medicamento para diabetes, a pessoa comer menos que está acostumada ou estiver mais ativa fisicamente que o normal, o remédio pode diminuir bastante o nível de glicose no sangue. Também sabemos que pessoas que vivem há muito tempo com a doença têm mais chances de ter hipoglicemia nessas condições.

Existem outras possíveis causas de hipoglicemia, como por exemplo o consumo de álcool, uma vez que isso reduz os níveis de açúcar no sangue. Veja alguns sinais que indicam uma crise: 2,3

hipoglicemia e hiperglicemia diferenças e controle
Fonte: Envato – Foto de AboutImages

Sinais e Sintomas de Hipoglicemia

  • Fome;
  • Suor excessivo;
  • Palpitações;
  • Tontura;
  • Dor de cabeça;
  • Fala arrastada;
  • Tremores;
  • Fadiga;
  • Fraqueza;
  • Incapacidade de pensar claramente;
  • Confusão mental, visão borrada, convulsões e coma também podem em acontecer em casos muito graves.

Hipoglicemia: o que fazer

Para o controle imediato da crise, podem ser usados alimentos que permitem liberação rápida de glicose no sangue, refrigerantes açucarados, sucos, doces, açúcar de mesa e similares. No entanto, é preciso prestar atenção nas quantidades, em geral, 15 a 20 gramas de carboidratos, preferencialmente carboidratos simples, como açúcar (uma colher de sopa, dissolvida em água), uma colher de sopa de mel (evitar para crianças menores de um ano), um copo de 200 ml de refrigerante comum (não diet) 1 copo de suco de laranja integral, entre outros. Verifique a glicemia após 15 minutos.

No entanto, antes de fazer a administração de qualquer tipo de açúcar, lembre-se que é necessário confirmar se a pessoa de fato está sofrendo uma crise de hipoglicemia, pois se o problema for outro, o açúcar pode piorar a situação.

Depois de ter certeza que o diabético está em uma crise hipoglicêmica, preste atenção no que fazer: ²

Se a pessoa estiver acordada

Tomar um copo de suco de frutas com açúcar ou refrigerante não-dietético, ou água com açúcar, ou chupar duas a quatro balas não-dietéticas.

Se a pessoa estiver desmaiada

Colocar açúcar ou mel (uma colher das de sopa cheia) entre a bochecha e os dentes. Não dê líquidos, pois ela pode se engasgar. Não a force a abrir a boca e massageie a bochecha (provocando aumento de saliva, que derreterá o açúcar e fará com que ele seja engolido mais rapidamente).

Quando a pessoa estiver acordando, dê suco de fruta, refrigerante não-dietético ou leite com pão ou bolachas, ligue para emergência e siga as orientações passadas por eles. Quando a pessoa acordar, faça com que ela coma algo.

Como evitar a hipoglicemia e hiperglicemia

Para evitar tanto os quadros de hiperglicemia quanto os de hipoglicemia, é importante seguir as orientações médicas para que o remédio seja tomado nos horários corretos e com a frequência ideal.

Uma dica que pode ser útil é anotar num caderno ou registrar esses dados em aplicativos gratuitos para o celular. Assim, você vai conseguir  perceber claramente a relação entre os medicamentos, a atividade física, a alimentação e o modo como você está se sentindo. 3

Outras atitudes que podem ajudar: ²

  • Mantenha uma rotina rígida de alimentação e siga a dieta adequada;
  • Faça as refeições sempre nos mesmos horários e não pule nenhuma delas;
  • Tente não variar muito os tipos e as quantidades de alimentos em cada refeição;
  • Coma de três em três horas, especialmente se estiver usando insulina ou medicações para equilíbrio do açúcar no sangue;
  • Sempre se alimente antes das atividades físicas, inclusive relação sexual;
  • Se o exercício for pouco intenso, coma em pouca quantidade: uma fruta, um copo de leite;
  • Se o exercício for mais forte, coma um pouco mais do que isso, por exemplo, um copo de leite + fruta ou um sanduíche pequeno;
  • Sempre meça o nível do açúcar no sangue antes de iniciar a atividade física, se os valores estiverem altos ou baixos, espere até que se normalizem;
  • Se estiver fazendo uso de insulina, quando for fazer exercícios que mexam muito as pernas, prefira aplicar insulina nos braços, caso também for mexer muito os braços, faça a aplicação na barriga.

Após a crise de hipoglicemia às vezes pode ocorrer um aumento exagerado da taxa de açúcar no organismo, isso é comum especialmente quando a pessoa demora para fazer algo para controlar a crise. Também pode acontecer quando se exagera na comida para tentar se livrar logo da crise.

Sempre avise seu médico se as crises forem frequentes e mantenha um diário marcando dia, horário e condições onde elas aconteceram.

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Fonte: Envato – Foto de DC Studio

Exercícios físicos, hiperglicemia e hipoglicemia

Muitas pessoas podem ter medo de praticar atividade física com medo de terem problemas com as taxas de açúcar no sangue. Porém este é um grande erro! Feito no momento correto e com a intensidade certa, o exercício vai ajudar (e muito) no tratamento do diabético.

Em atividade, nosso corpo começa a gastar o excesso de açúcar no sangue, por isso a atividade física tende a diminuir a necessidade de administração de medicamentos e insulina nos diabéticos. 4

Quando a prática de atividade física é feita com regularidade, ela também vai contribuir para reduzir a gordura visceral, e desta forma vai ajudar a diminuir o fenômeno chamado resistência insulínica, que é a reação natural do organismo exposto à insulina. 5

Acontece mais ou menos assim: quanto mais insulina é produzida ou administrada, mais as células do nosso corpo vão tentar se proteger do excesso dela, a atividade física equilibra esse fenômeno e melhora a ação da insulina no organismo, ajudando a melhorar o controle da diabetes. 4

Além de tudo isso, os exercícios promovem mais saúde e bem-estar, portanto, o diabético não só pode, como deve praticar atividades físicas, a questão é fazer isso com a orientação adequada. O médico provavelmente irá indicar que a pessoa faça a medição da glicemia antes e depois dos exercícios. Também é possível que ele oriente você a buscar o apoio de um profissional de educação física.

É possível e recomendável que o diabético se exercite, pois feitos da maneira correta, os exercícios só irão ajudar!

 


Colaborou neste artigo:
Dr. Odair Albano – Clínico Geral – CRM SP 31101


Referências bibliográficas e datas de acesso

1 – Tua Saúde  – 16/01/2020

2 – Sociedade Brasileira de Diabetes – 16/01/2020

3 – MSD Manuais – 16/01/2020

4 – Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal – 19/02/2020

5 – Minha Vida – 19/02/2020