Incontinência Urinária de Esforço: como é o tratamento?
Existem vários tipos de incontinência urinária, em alguns casos, é possível curar completamente o problema. Uma das manifestações mais comuns é Incontinência Urinária de Esforço (IUE), onde a pessoa tem dificuldades para controlar a saída de urina, principalmente em situações normais do dia-a-dia como tossir, rir, espirrar ou fazer esforço físico como levantar peso, por exemplo.
Este é um problema bastante comum, que pode acontecer com pessoas de todas as idades e de ambos os sexos, embora seja mais frequente em mulheres. Infelizmente, a condição compromete muito a qualidade de vida dos pacientes, pois afeta seu bem-estar físico, emocional, mental e seu convívio social. ¹
Isso acontece porque muitas pessoas evitam situações de interação, pois temem que possa haver algum “acidente” e por isso acabam se isolando socialmente ou deixando de aproveitar momentos com os amigos e a família. Hoje vamos conhecer os principais tipos de incontinência urinária, as causas e sintomas mais comuns, algumas opções de tratamento, e até de cura. Confira:
Tipos de Incontinência Urinária
Segundo os dados da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), uma a cada 25 pessoas pode sofrer de incontinência urinária ao longo da vida. Para as mulheres, o cenário é agravado. As estatísticas demonstram que cerca de 40% das mulheres na pós-menopausa perdem urina de forma involuntária.
Nos homens, o problema é mais comum naqueles que fizeram cirurgia para remoção completa da próstata, durante o tratamento contra o câncer. Aproximadamente 8% dos homens que se submeteram a esse procedimento também desenvolvem incontinência urinária, em ambos os casos o problema é classificado como incontinência urinária de esforço (IUE).
Mas este não é o único tipo de manifestação da condição. Na verdade, existem vários tipos de incontinência urinária, e todos eles podem atingir tanto homens como mulheres. Nesse artigo, vamos citar os 3 casos mais comuns, incluindo este que acabamos de citar. ²
Veja a lista completa:
1 – Incontinência urinária de esforço (IUE)
2 – Incontinência urinária de urgência
3 – Incontinência urinária por transbordamento
Incontinência Urinária de Esforço
Como mencionamos logo na introdução, esse é um dos tipos mais comuns de incontinência urinária. Esse problema geralmente está ligado ao enfraquecimento das estruturas musculares que atuam com a função de conter e controlar a saída de urina. É mais comum em mulheres que tiveram várias gestações e partos, mas como já sabemos, o quadro também pode acontecer em homens que passaram por cirurgia na próstata. ²
O trabalho de parto acompanhado pela pressão e tensão dos ligamentos, músculos e tecidos que rodeiam a bexiga e uretra, é o que leva à incontinência depois do parto. Logo, um trabalho de parto normal difícil pelo tamanho e posição do bebê pode ser um fator de risco importante.
Mesmo assim, a incontinência urinária de esforço também pode acontecer naquelas mulheres que fizeram um parto cesárea, pois além do esforço no parto, outros fatores da própria gestação podem causar o problema. Acontece que peso do bebê sobre a pélvis, por exemplo, traz riscos de danos à bexiga, uretra, suporte de ligamentos e músculos, e isso aumenta a probabilidade de escapes de urina após a gravidez. Além disso, a idade avançada e a obesidade também são considerados fatores de risco.³
Os tratamentos de fisioterapia, dedicados ao fortalecimento das estruturas comprometidas costumam surtir um ótimo resultado para resolver a incontinência urinária de esforço.
Incontinência Urinária de Urgência: Bexiga hiperativa
A incontinência urinária de urgência também é conhecida popularmente como bexiga hiperativa ou simplesmente BH. Aqui o problema é a necessidade urgente de urinar, a vontade aparece de repente, mas muitas vezes pode ser difícil de controlar, e por isso pode haver escape de urina. A boa notícia é que dependendo da causa, a bexiga hiperativa tem cura.
Quem sofre de BH também costuma acordar à noite para fazer xixi, e tem seu sono prejudicado, podendo trazer outros problemas de saúde. Além disso, é comum necessitar ir ao banheiro mais de 7 vezes em menos de 24 horas.²
Às vezes, o quadro de bexiga hiperativa é causado por problemas tratáveis, como por exemplo: 4
- Infecção urinária;
- Enfraquecimento da musculatura da bexiga;
- Cirurgias ginecológicas ou urológicas.
Nesses casos, grande parte dos pacientes atingem a cura completa, desde que o tratamento seja feito da maneira adequada. Vamos falar mais sobre tratamento nos próximos tópicos, antes disso, vamos conhecer o 3° e último tipo mais comum de incontinência urinária:
Incontinência Urinária por Transbordamento
Nos quadros de incontinência urinária por transbordamento, a pessoa tem dificuldade para esvaziar completamente a bexiga. Como próprio nome sugere, esse tipo de incontinência ocorre quando a bexiga fica tão cheia que chega a transbordar. Aqui duas questões costumam ser as principais causas: o enfraquecimento do músculo da bexiga ou a obstrução à saída de urina.
Quanto a primeira causa, o enfraquecimento do músculo da bexiga pode ocorrer tanto em homens como em mulheres, mas ocorre principalmente em pacientes com diabetes, alcoólatras e alguns tipos de distúrbios neurológicos.
Já a obstrução acontece quase sempre por causa do aumento da próstata, por isso esse este tipo de incontinência é mais frequente em homens. Quando há um fator obstrutivo, ou seja, algo que impede a saída completa da urina, o resíduo urinário pode se tornar cada vez maior, e quando a bexiga fica muito cheia, ocorre a perda por transbordamento, que é contínua e observada em gotas. 2,4
Diagnóstico
Antes de iniciar o tratamento, o médico irá investigar o tipo de incontinência e também a causa do problema. Outra iniciativa importante é identificar se existem doenças que podem causar sintomas urinários, como infecção, formação de pedras na bexiga, tumor de bexiga, diabetes, etc.
Quando a causa é uma outra doença, o tratamento levará em conta os dois problemas. Muitas vezes, o tratamento da causa já alivia o sintoma de incontinência urinária. Quando uma pessoa tem sintomas de incontinência, o médico pode solicitar alguns exames.
Ele fará o pedido desses exames dependendo das suas queixas, por isso, lembre-se de anotar os seus sintomas antes de ir ao médico, e se preciso, anote os sinais que você considera anormais para não se esquecer de contá-los ao médicos.
Alguns dos exames descritos a seguir vão ajudar o médico aprimorar o diagnóstico. Quanto mais clara ficar a causa do problema, mais promissor será o plano de tratamento, e por isso melhores serão as chances de melhora do quadro, ou quem sabe até, de cura.
Exames mais comuns para o diagnóstico da incontinência urinária: 4
- Exame de urina: A amostra de urina será examinada para identificar a presença de infecção, sangue e outras anormalidades.
- Medida do resíduo miccional: Este exame é feito para saber se alguma quantidade de urina sobra na bexiga após a pessoa terminar de urinar. Isto pode ser feito através da inserção de um tubo flexível de plástico fino (chamado cateter) pela uretra até a bexiga para esvaziá-la completamente. Outro método que pode ser utilizado é a medição com aparelho de ultrassom.
- Ultrassom: Pode avaliar o tamanho, a forma e outras características dos rins e da bexiga. Nos homens, a próstata também será avaliada.
- Cistoscopia: É realizado por meio da inserção de um aparelho ótico fino através da uretra até a bexiga. Se parece um pouco com a endoscopia, mas feita pelos órgãos genitais. Esse exame permite ao médico avaliar as características internas da uretra e da bexiga.
- Teste de esforço: Com a bexiga parcialmente cheia, você é solicitado a tossir, ficar em pé, fazer força na barriga ou outras atividades. O objetivo é avaliar se esses esforços causam perda de urina e com que intensidade.
- Exame urodinâmico: Avalia as funções da bexiga e do esfíncter. Usando diferentes modalidades de investigação, o examinador estuda a sensibilidade de sua bexiga, a sua capacidade de armazenar urina e a eficiência com que ela se esvazia. Pode-se determinar ainda se a bexiga está obstruída e se o esfíncter está enfraquecido. Os resultados deste exame muitas vezes são importantes para orientar sobre a necessidade ou não de uma cirurgia.
Tratamentos 1,2
De modo geral, os tratamentos para incontinência urinária incluem:
- Fisioterapia para fortalecimento dos músculos pélvicos;
- Medicamentos;
- Aplicações de toxina botulínica tipo A no músculo responsável pela contração da bexiga;
- Instalação de sondas vesicais, ou cateterismo vesical intermitente;
- Cirurgias.
Nos casos graves, também pode ser necessária a implantação de dispositivos eletrônicos na medula espinhal ou na própria bexiga, como se fosse um marcapasso, que serve para regular a atividade de eliminação da urina.
No caso dos pacientes com bexiga hiperativa, além dos tratamentos citados, o médico poderá, deste modo, recomendar mudanças na rotina, como a diminuição de consumo de líquidos no final da tarde, com o objetivo de evitar a vontade de ir ao banheiro durante o sono.
O que fazer quando não há cura
Infelizmente, existem algumas causas irreversíveis para incontinência urinária, alguns exemplos incluem as lesões medulares que acontecem em alguns casos de paraplegia e todos os casos de tetraplegia, ou doenças crônicas como a esclerose múltipla que leva a lesão da medula ou a disfunção do músculo.
Mesmo nos pacientes onde não há possibilidade de cura, o tratamento é essencial. Mas o objetivo nesses caso passa a ser a prevenção de doenças renais, melhora do tônus muscular e iniciativas que melhorem qualidade de vida do paciente. Como o uso de cateterismo vesical (esvaziamento artificial da bexiga) fisioterapia funcional, entre outros. ¹
Gravidade da condição ²
Apesar de a incontinência urinária ser uma condição que causa grande prejuízo à qualidade de vida, os sintomas não costumam representar riscos ao paciente. Mesmo assim, é muito importante procurar ajuda médica precoce, pois os sintomas de incontinência urinária não fazem parte do processo normal de envelhecimento.
Além disso, os tratamentos costumam ser muito efetivos e o quanto antes você iniciar, melhores serão os resultados para seu bem-estar e qualidade de vida!
Colaboraram neste artigo:
Dr. Odair Albano – Clínico Geral – CRM SP 31101
Referências bibliográficas e datas de acesso
1 – Médico Responde – acesso em 08/02/2020
2 – Portal da Urologia – acesso em 08/02/2020
3 – Viva Plenitud – acesso em 08/02/2020
4 – Hospital Sírio Libanês – acesso em 09/02/2020